terça-feira, 14 de maio de 2013

UM JOGO DA FINAL

S.C. CORINTHIANS PAULISTA 2 X 1 SANTOS F.C. - DOMINGO, 12/05/2013, 16H00, ESTÁDIO DO PACAEMBU, SÃO PAULO, CAMPEONATO PAULISTA 2013, PRIMEIRO JOGO DA FINAL.

POR MOISÉS BASÍLIO

Final de campeonato é sempre um jogo de emoções e complicações para quem vai ao estádio. Acaba a rotina dos jogos comuns e ir ao campo se torna um desafio e uma aventura com várias histórias dentro da história da partida. 

Primeiro tem que se chegar mais cedo para evitar as filas e poder pegar um lugar razoável na arquibancada. Depois é enfrentar os alto preços. No jogo de hoje os donos dos estacionamentos aproveitam para aumentar o preço. Ouvi comentários de que os flanelinhas chegaram a cobrar oitenta reais para deixar você estacionar o seu carro na rua. 

Para evitar esse tipo de contra-tempo, deixei o carro bem distante do Pacaembu e aproveitei para fazer uma caminhada. Descendo a via que vai da Doutor Arnaldo até o estádio vi uma cena deplorável. Um grupo de jovens corinthianos, com camisetas de torcida organizada, paravam os vendedores de cerveja e perguntavam se estava gelada. O vendedor respondia afirmativamente, ao de o interlocutor chegava perto da caixa de isopor e dizia que iria pegar uma para confirmar a veracidade da resposta. Pegava e abria a cerveja e saia como quem não quer nada sem pagar. O vendedor desesperado ia atrás, mas seus comparsas cercavam o pobre coitado e ameaçavam fazer o mesmo. Indignado o comerciante fugia para não perder o resto de sua mercadoria.

Junto comigo, sem poder fazer nada diante daquele bando estava um japonês todo paramentado com a indumentaria do Timão. Compartilhamos ali, na via pública, nossos sentimentos de impotência e indignação. O japonês de meia idade me confidenciou que é um assíduo frequentador dos jogos do Corinthians há mais de 40 anos e que foram também na final do mundial de clubes no Japão. A toda hora clamava por justiça, enquanto os rapazes afanavam mais um cerveja. Lembrava que no Japão isso não acontecia e cobrava de alguém providências. 

Como quem madruga, deus ajuda, cheguei cedo e não peguei fila para entrar na arquibancada verde. Subi os degraus até encontrar um lugar aprazível para ver o jogo. Quando pensei que estava tudo tranquilo o burburinho se alastrava no corredor superior das arquibancadas do Pacaembu. Deu para ver um homem um sujeito baixo e meio gordinho, de meia idade, atacando com socos um jovem, mestiço de oriental. A turma do deixa-disso aportou a briga e o jovem, lambendo as feridas fungava ressentido num canto, enquanto o agressor se escondia no meio da multidão todo garboso. Quando os policiais militares chegaram nada conseguiram apurar. 

Do meu lado dois rapazes comentavam sobre a violência e um deles relatou uma história que ele vivenciara no Pacaembu ainda num jogo desse Campeonato Paulista. Ele e sua namorada chegaram em cima da hora e a arquibancada já estava lotada. Na procura de dois lugares viram um vazio, mas quando chegaram perto um sujeito estava sentado de forma a tomar o acento de várias pessoas. Pediram licença, mas o sujeito disse que estava guardando lugar. Como o espaço era grande, resolveram sentar mesmo assim. O sujeito então veio e sentou-se atrás da sua namorada numa posição de "encoxar". Na hora o rapaz, segundo suas próprias palavra, ligou o automático e engatou um murro na cara do sujeito. Um grupo de amigos que presenciou a cena, indignados com a audácia e o desrespeito do sujeito contra a mulher alheia, também partiram para a agressão. Então, no meio da confusão, pegou sua namorada e foi sentar no outro canto da arquibancada. 

E é assim, no meio da história de um jogo acontecem muitas outras histórias. Mas, vamos ao jogo. Em campo a história do primeiro tempo do Corinthians foi primorosa, pois dominou completamente o adversário, criou várias oportunidades de gol, não sofreu perigo e acabou  ganhando o primeiro tempo pelo placar mínimo, num gol do brilhante Paulinho. E não foi mais porque, como costume dizer nosso técnico Tite faltou efetividade ao concluir para o gol. Outros dizem que falta qualidade técnica aos atacantes corinthianos. Digo que faltou sorte, ou que os deuses do futebol aprontaram mais uma das suas. 

No segundo tempo o time Mosqueteiro cansou e também procurou se poupar para o jogo contra o Boca no meio da semana. Do lado santista, as substituições surtiram efeito, principalmente a entrada de Felipe Anderson, que deu maior poder de fogo para o ataque praiano pelo lado direito. Mesmo assim, quem dominou praticamente todo o jogo nesse tempo final foi o Timão. O Santos achou um gol de bola parada quase ao final da partida e se manteve vivo na competição, posto que se perdesse de dois a zero as chances de virar na Vila Belmiro seriam remotas. 

Domingo que vem a história do Paulistão 2013 terá o seu capítulo final. Que vença o Timão!
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Ficha técnica - Fonte: Sítio AcervoSCCP - http://www.acervosccp.com/201329.htm
CORINTHIANS – SANTOS 2-1
CAMPEONATO PAULISTA 2013 – FINAL
DATA: domingo, 12/05/2013
LOCAL: Estádio Paulo Machado de Carvalho, São Paulo, São Paulo – Brasil
PÚBLICO: 38.505 presentes (36.306 pagantes + 2.199 não pagantes)
RENDA BRUTA: R$ 1.497.642,00
RENDA LÍQUIDA: não disponível
DESPESAS: não disponíveis
ÁRBITRO: Wilson Luiz Seneme.
ASSISTENTES: Emerson Augusto de Carvalho e Anderson José de Moraes Coelho.
GOLS: 41’ Paulinho, 74’ Paulo André, 81’ Durval.
CARTÃO AMARELO: Paulo André; Cícero e Léo.


CORINTHIANS: Cássio; Alessandro, Gil, Paulo André, Fábio Santos; Ralf, Paulinho, Danilo; Romarinho (72’ Edenílson), Emerson; Paolo Guerrero (72’ Alexandre Pato). Técnico: Tite.


SANTOS: Rafael; Bruno Peres, Edu Dracena, Durval, Léo; Renê Júnior, Marcos Assunção (45’ Felipe Anderson), Arouca, Cícero; Miralles (45’ André) e Neymar. Técnico: Muricy Ramalho.

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