sábado, 3 de agosto de 2013

ONDE ANDA VOCÊ?

SPORT CLUB CORINTHIANS PAULISTA 2 X 0 GRÊMIO DE FUTEBOL PORTOALEGRENSE, QUARTA-FEIRA, 31/07/13, 21H50, ESTÁDIO DO PACAEMBU, SÃO PAULO, SP, CAMPEONATO BRASILEIRO DE 2013, DÉCIMA RODADA.


POR MOISÉS BASÍLIO

Jogo contra o Grêmio de Porto Alegre sempre é prenúncio de bom jogo. Os gaúchos são bons de bolas e desenvolveram um jeito próprio de praticar o futebol bretão. E mesmo, em tempos de globalização o Rio Grande mantém a tradição do futebol guerreiro, tchê!

Meu primeiro Corinthians e Grêmio aconteceu no estádio do Morumbi no ano de 1975. Em meus verdes 15 anos, cursava a oitava séria e estava apaixonado por uma garota chamada Miriam. Até então amor platônico, mas naquela semana que precedeu ao jogo do Timão algo parecia que iriam mudar. 

O Corinthians não vinha lá muito bem das pernas no Campeonato Brasileiro de 1975. Havia ganho do São Paulo, depois perdido para o Flamengo no Morumbi, no domingo anterior empatado com o Inter no Beira Rio e ganho no meio da semana de goleia por 4 a 2 do América de Natal, detalhe, no Palestra Itália. E para o sábado, véspera de dia de finados, o Timão enfrentaria o Grêmio no Morumbi.

Na sala de aula os meus hormônios juvenis estavam a mil. Num dado momento acabei confidenciando para alguém que achava a Miriam a garota mais bonita da sala. Sem papas na língua esse alguém espalhou minha confidência aos quatros ventos. E não é que a Miriam gostou.

Ela que nem falava muito comigo, se aproximou. Corinthiana fervorosa, igual a mim, logo os jogos do Timão também entraram em nossa pauta de confabulações. E como havia um certo clima de aproximação, não tardou para combinarmos a ida juntos ao estádio do Morumbi no jogo contra o Grêmio no fim de semana.

Alegria e angustia. Alegria pela paixão, angústia por tudo que cercava a satisfação do desejo. Precisava batalhar uma grana para bancar a condução e a entrada no estádio. Eu ia sempre de geral, mas a garota tinha me falado que costumava ir de arquibancada que era o dobro do preço. 

Tudo ficou marcado para nos encontrarmos ao meio dia no ponto de ônibus da Vila Santa Clara. Em 1975, meu caminho para o estádio do Morumbi começa na Vila Santa Clara. Tomava o ônibus praça do Correio e depois caminhava até a rua Xavier de Toledo, esquina do Mappin, e de lá tomava o ônibus da linha Jardim Colombo, que me deixava em frente ao estádio do Morumbi. Em jogo de grande público, descia até o Vale do Anhangabaú e pegava os ônibus fretados da CMTC.

Dez para o meio dia já estava no ponto. Meio dia passou e a Miriam não veio. Esperei mais quinze minutos e a garota não veio. Com medo de perder o jogo, subi no primeiro ônibus que passou depois do meio dia e quinze e fui sozinho para o Morumbi. 

A minha pressa se explica. Naquele tempo a gente comprava o ingresso no dia do jogo, na bilheteria do estádio. Sai meio dia e quinze da Santa Clara. Cheguei por volta de uma hora e pouco no centro da cidade. Até pegar o ônibus e chegar no Morumbi já era por volta das três horas. Pegar a fila e comprar ingressos, e pegar a fila novamente de entrada no estádio já eram quase quatro horas. 

Durante todo o trajeto fiquei imaginando o que havia acontecido para que a Miriam não tivesse chegado no horário. Também pensava se fora muito precipitado em só dar quinze minutos de tolerância para o atraso da garota. Por outro lado me sentia muito aliviado, pois iria economizar uma boa grana. Não precisaria pagar a condução da garota e nem a sua entrada de arquibancada, que como bom garanhão me predisporia em pagar. Esse excedente deu para comer um bom lanche de pernil, com um refrigerante, na saída do jogo.

Foi um jogo difícil, mas o Timão ganhou por 3 a 2. O que eu me lembro é que o Grêmio tinha um zagueiro negão chamado Beto Fuscão, que depois jogou no Palmeiras, e um artilheiro também negão chamado Tarciso, autor dos dois gols adversários. O craque do Timão na época era o ponta direita Vaguinho, que veio do Atlético Mineiro e brilhou no time do Parque S. Jorge. 

Na segunda-feira seguinte fui ter com a tal Miriam para saber o que havia acontecido. Ela com a maior cara de pau veio me cobrar dizendo que não tinha me visto na arquibancada. Não me viu e nem me veria, pois fui de geral. 

Desconversei e quis saber antes o que havia acontecido para que ela não estivesse no ponto às doze horas conforme o combinado. Ela disse que a turma dela se atrasou e que chegaram no ponto por volta das doze e meia. Desencanto, minha princesa havia virado sapo. Mas, o final de ano já estava chegando, o ensino fundamental se acabando e a Miriam viraria uma página do passado. 

A vida flui. E como já escreve Vinícius de Moraes: "E por falar em paixão, em razão de viver, você bem que podia me aparecer, nesses mesmos lugares, na noite, nos bares Onde anda você?" Acho que fico esperando, em cada jogo de Grêmio e Corinthians a Miriam dos meus 15 anos aparecer.

Após essa digressão, quase quarenta anos depois, eis me aqui no Pacaembu, com meus filhos Luanda e Pedro para mais um Corinthians e Grêmio nessa noite linda de inverno paulistano. 

Em campo o Corinthians se impõe, mas o Grêmio é uma equipe perigosa. O jogo é aberto e cheio de possibilidades de ambos os lados. Diferente do jogo do último domingo contra o São Paulo, onde só um time queria jogar, hoje o tricolor gaúcho joga bola. 

E no jogo o Timão se dá bem. Numa bela jogada envolvendo todo ataque alvinegro, a bola sai do pé do Danilo, que passa para Romarinho, que ginga e deixa o Guerreiro de frente para o gol. Guerreiro chuta, Dida rebate e na sobra o valente Emerson Sheik coloca com delicadeza para o fundo da rede gremista e a torcida vai à loucura no Pacaembu.

O Grêmio não se entrega e dentro de seu padrão de jogo inferniza a vida corinthiana. Ainda no primeiro tempo Viveiro acerta uma cabeçada no travessão. 

No segundo tempo o jogo também é bem jogado e disputado. O nosso técnico Tite tira Romarinho, põe Renato Augusto e o Grêmio cresce em campo. Na sequência sai Guerrero e entra Pato, e o Grêmio no ataque. Comento com o meu filho Pedro na arquibancada que as alterações não estão surtindo efeito. E eis que há movimentação de que vai sair o Emerson Sheik para entrada do Douglas.

Os deuses do futebol tem lá suas manias. Antes mesmo do Sheik sair, Renato Augusto cobra um escanteio e o Paulo André ganha a disputa com o zagueiro e cabeceia certeiro para o gol. A bola já entrou, mas Alexandre Pato completa para confundir todo mundo. Dois a zero, três pontos em caixa.

O mês de julho termina com  Timão detonando os tricolores, pois vejam o saldo dos jogos do mês: Quatro vitórias contra os tricolores Bahia, São Paulo (2 vitória) e Grêmio; dois empates contra o rubronegro Atlético PR e São Paulo; e uma derrota contra o alvinegro Atlético Mineiro. 

Foto: Paulo André ao fundo sai para comemorar. Veja a bola já está dentro quando bate no joelho do Pato.
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Fonte: Sítio AcervoSCCP: http://www.acervosccp.com/201343.htm
CORINTHIANS – GRÊMIO 2-0
CAMPEONATO BRASILEIRO 2013 – 10ª RODADA 
DATA: quarta-feira, 31/07/2013
LOCAL: Estádio Paulo Machado de Carvalho, São Paulo, São Paulo – Brasil
PÚBLICO: 24.883 presentes (23.849 pagantes + 1.034 não pagantes)
RENDA BRUTA: R$ 737.112,50
RENDA LÍQUIDA: não disponível
DESPESAS: não disponíveis
ÁRBITRO: Alicio Pena Júnior.
ASSISTENTES: Márcio Eustáquio Santiago e Dibert Pedrosa Moisés.
GOLS: 34’ Emerson, 79’ Paulo André.
CARTÃO AMARELO: Elano, Pará e Werley.


CORINTHIANS: Cássio; Edenílson, Gil, Paulo André, Igor; Ralf, Guilherme; 

Romarinho (63’ Renato Augusto), Danilo, Emerson (81’ Douglas); 
Paolo Guerrero (70’ Alexandre Pato). Técnico: Tite.

GRÊMIO: Dida; Pará, Bressan, Werley, Alex Telles; Adriano, Riveros, 

Zé Roberto (19’ Biteco; 77’ Vargas), Elano; Kléber e Barcos (87’ Lucas Coelho). 
Técnico: Renato Gaúcho.

FUTEBOL COVARDE DO TRICOLOR E O TORCEDOR HOMOFÓBICO CORINTHIANO

SPORT CLUB CORINTHIANS PAULISTA 0 X 0 SÃO PAULO FUTEBOL CLUBE, DOMINGO, 28/07/13, ESTÁDIO DO PACAEMBU, SÃO PAULO, SP, CAMPEONATO BRASILEIRO DE 2013, NONA RODADA.


Por Moisés Basílio

Nesse domingo o Pacaembu recebeu um jogo de dois times que precisavam ganhar para se aprumarem na tábua de classificação do campeonato. O Timão ainda não conseguiu encontrar seu lugar, pois está desequilibrado: Melhor defesa e pior ataque do campeonato brasileiro. E o São Paulo sobrevivendo na crise, jogou um futebol covarde na tarde desse domingo. 


Los Mosqueteiros: Luanda, Moisés, Umberto, Victor, Pedro, Letícia e uma prima do Victor. Desde os anos 90 essa turma está junta nos jogos do Timão. Saudades do irmão e companheiro Eduardo Victor!

Começa o jogo e o que se vê? O Timão indo para cima do Tricolor a fim de resolver logo o jogo. Mas, o time do Morumbi veio armado pelo seu novo técnico Paulo Autori, num clássico esquema tático defensivo. Duas linhas de quatro e dois atacantes marcadores. Em outras palavras, retranca das bravas como um time pequeno.

Já se disse que quando um não quer, dois não brigam. No futebol esse ditado tem a seguinte tradução: Quando um não quer jogar, o joga fica feio. E foi esse o enredo desse clássico. Um time querendo o jogo e o outro não querendo perder.

O Corinthians bem que tentou: Todo o time correu, fez boas jogadas para vencer; o Romarinho como sempre armou boas tramas e não conseguiu concluí-las; o Alexandre Pato desperdiçou dois gols feitos; mas por fim a covardia tricolor acabou por triunfar. 

E poderia ser pior, pois o futebol é um esporte matreiro. Num contra-ataque qualquer o São Paulo poderia surpreender o imprevisível arqueiro alvinegro e marcar o seu tento. Mas, a covardia do time tricolor foi tanta que nem isso eles ousaram fazer. 

Mas, nesse clássico do futebol paulista tem outra coisa que me incomodou. Para quem é velho torcer corinthiano e estudioso das coisas do futebol, esse comportamento homofóbico que a torcida corinthiana vem tendo em anos recentes, principalmente nos jogos contra o S. Paulo, é um caso a se pensar.

Historicamente o São Paulo F.C. sempre teve sua imagem associada a elite econômica e politica da cidade. Era o time da burguesia, dos "filhinhos de papais", dos "pós de arroz". Enquanto o Palestra era o time do "carcamanos", os oriundis italianos com todas as sua contradições no solo paulistano, dos proletários do Brás aos Matarazzos. 

A torcida corinthiana já na década de noventa, com aceitação palestrina, fez a redução do antigo epiteto "carcamanos" para "porco", fundado no hábito de não tomar banho dos povos europeus.  A palavra "carcamanos" tem sua origem na ideia de que os comerciantes italianos colocavam a mão na balança para auferir vantagens quando pesavam mercadorias, ou seja, o típico roubo burguês. Trocar "carcamano" por "porco" é suavizar as contradições.

No caso são-paulino, o folclórico jogador corinthiano, o baiano Vampeta, no final dos anos 90 e início do século XXI, foi o responsável por reduzir o conceito classista "filho de papai" ou "pó-de-arroz" para o conceito sexista de homossexual. E não é que a coisa pegou para além da vã "filosofia vampetiniana" e virou marca registrada dos algozes do time do Morumbi. 

O triste, e acho que até não foi a intensão do bom baiano Vampeta, essa coisa de transformar a contradição de classes sociais, que sempre marcou as tradições de Corinthians e São Paulo, em contradição sexista. É um retrocesso histórico para a nação corinthiana que conta em suas fileira com a maioria da população gay desse país. 

Torço para o Corinthians e não sou homofóbico. Uma coisa é a brincadeira, a pilhéria dos tempos do "pós-de-arroz", que muitos torcedores ainda fazem. Mas, outra coisa é homofobia. E me causa náusea essa atitude homofóbica de grande parte da torcida alvinegra nos jogos contra o time do S. Paulo ficar bradando palavra de ordem e cantos de guerra igualando a torcida tricolor aos homossexuais o tempo todo.  


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CORINTHIANS – SÃO PAULO 0-0
CAMPEONATO BRASILEIRO 2013 – 9ª RODADA 
DATA: domingo, 28/07/2013
LOCAL: Estádio Paulo Machado de Carvalho, São Paulo, São Paulo – Brasil
PÚBLICO: 35.330 presentes (33.336 pagantes + 1.994 não pagantes)
RENDA BRUTA: R$ 1.116.631,00
RENDA LÍQUIDA: R$ 758.924,33 
DESPESAS: R$ 357.706,67
ÁRBITRO: Rodrigo Guarizo Ferreira do Amaral.
ASSISTENTES: Marcelo Carvalho Van Gasse e Vicente Romano Neto.
CARTÃO AMARELO: Fábio Santos e Paolo Guerrero; Jadson.


CORINTHIANS: Cássio; Edenílson, Gil, Paulo André, Fábio Santos; Ralf, Guilherme; Romarinho, Danilo (77’ Douglas), Emerson (62’ Renato Augusto); Paolo Guerrero (62’ Alexandre Pato). Técnico: Tite.

S
SÃO PAULO: Rogério Ceni; Douglas, Paulo Miranda, Rafael Toloi, Reinaldo; Wellington, Rodrigo Caio, Fabrício (69’ Maicon), Jadson; Osvaldo e Ademílson (71’ Roni). Técnico: Paulo Autuori.