domingo, 11 de dezembro de 2016

COM O CLUBE DIVIDO O TIME NÃO PROSPERA: AVALIAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO DO CORINTHIANS NO BRASILEIRÃO 2016

Por Moisés Basílio

Fonte: Moisés Basílio Leal, 2016.

          Por esta tabela acompanhei rodada a rodada o desempenho do time do Corinthians no campeonato brasileiro de 2016. Agora, que chegamos à 38º rodada é hora do balanço final.
          Em número os nossos resultados finais são: 
  • 7ª colocação entre os 20 times participantes; 
  • Conquista de uma vaga para participar da Copa Sul-Americana de 2017; 
  • E R$ 2,500 milhões de reais pela 7ª colocação. 

          A participação do time do Corinthians foi marcada pela quebra constante do planejamento, disputas internas e desarmonia. No início do campeonato o time que fora montado para disputar a Libertadores teve um bom desempenho ainda sob o comando do técnico Tite. Mas, com a saída imprevista do Tite para dirigir a Seleção Brasileira, junto com boa parte da Comissão Técnica, o clube não conseguiu fazer um replanejamento adequado e no mesmo nível da equipe anterior. 
          Então os problemas começaram a aparecer. O primeiro problema de planejamento foi a contratação do técnico Cristovão Borges sem levar em consideração o nível de dificuldade que um novo técnico teria ao substituir o vitorioso Tite. O difícil não foi só  a substituição do técnico, mas também dos elementos fundamentais da comissão técnica e a sua legitimidade perante aos jogadores, diretoria, imprensa e torcida. 
          A imprensa e grande parte da torcida, por preconceito, já na escolha do Cristovão Borges manifestaram enorme descontentamento com a escolha. A única coisa que poderia salvar o Cristovão seriam os bons resultados e eles vieram inicialmente. O time conquistou bom resultados em campo e terminou bem, na 3ª colocação, ao final do primeiro turno, com 34 pontos, dois a menos do líder que fizera 36 pontos. 
          Mas, o Cristovão não conseguiria ganhar o grupo de jogadores para o seu projeto e nem liderar a sua comissão técnica. Na virada do turno, fruto das discordâncias, houve novo desmanche no elenco com as saída do Elias, Bruno Henrique, Luciano, André, Marciel e a ida de vários jogadores para o departamento médico. Claramente o técnico Cristovão não foi apoiado pelo elenco e a pressão que já era grande aumentou com as derrotas levando à sua demissão de forma atabalhoada pelo presidente Roberto Andrade ao final da derrota para o Palmeiras na Arena Corinthians, atendendo apelos da massa ignária.
          Os mandos e desmandos do presidente Roberto Andrade comeu solto. Depois de demitir Cristovão Borges, efetivou o assistente técnico Fabio Carille e prometeu em alto e bom tom que o mesmo ficaria até o final do campeonato. Voltou atrás e sem consultar ninguém trouxe de repente o discutível técnico Oswaldo de Oliveira, seu amigo particular. A resposta imediata para essa atitude foi o pedido de demissão do diretor de futebol Eduardo Ferreira. 
          A queda o técnico Cristovão Borges revelou a fragilidade política da atual diretoria com os desentendimentos da base de apoio que elegeu a atual chapa. O presidente já não se entende com a principal liderança do grupo Andrés Sanches e iniciou uma nova recomposição atraindo elementos da oposição para cargos diretivos. Para a diretoria de futebol chamou o jornalista Flávio Adauto e depois que teve início um processo de impedimento contra o presidente chamou o oposicionista Antonio Jorge Rachid Junior, fiel escudeiro do lider oposicionista Paulo Garcia, para assumir a secretaria geral do clube. 
          Os dois vice-presidentes romperam com o presidente. O médico Jorge Kalil solicitou licença de 60 dias e provavelmente não voltará. O outro vice, André Negão, só não pediu licença por aguarda o desfecho do processo de impedimento do presidente e nutre esperanças de assumir o lugar do desafeto político. 
         Foi nesse ambiente de disputas, divisões e desarmonia que o time participou do segundo turno e obteve um baixo rendimento. No segundo turno o Corinthians conquistou 21 pontos, ficou em 16º lugar, a um ponto de distância do rebaixado Internacional que somou 20 pontos. Os número finais do segundo turno foram horríveis: 5 vitória, 6 empates e 7 derrotas; 18 gols prós, 24 gols contra e saldo negativo de 6 gols; E um aproveitamento de 39%, contra um aproveitamento de 60% no primeiro turno.
          Também é preciso destacar a participação negativa das torcidas organizadas durante o ano de 2016. Em que pese os preconceitos e autoritarismo da Federação Paulista de Futebol, CBF e Policia Militar de SP, os atos violentos praticados pelas torcidas durante o ano foram lamentáveis e resultaram e várias punições durante o ano. O cume desses atos aconteceu no jogo do Maracanã e até hoje vários torcedores encontram-se presos no Rio de Janeiro. 
          O evangelista Marcos, patrono da bela cidade de Veneza, Itália,  em seu evangelho narrou a sábia parábola de Jesus, da qual cito os seguintes versículos (marcos 3:24-26) - "24E, se um reino se dividir contra si mesmo, tal reino não pode subsistir; 25 E, se uma casa se dividir contra si mesma, tal casa não pode subsistir. 26 E, se Satanás se levantar contra si mesmo, e for dividido, não pode subsistir; antes tem fim.
         Como conclusão final, o 2016 deixa para o clube e para o time essa situação de alta divisão interna e desarmonia entre os vários atores da vida corinthiana: 
  • Torcida: As mudanças na torcida com o novo padrão introduzido pela Arena Corinthians; Os atos de violência das torcidas organizadas contra as outras torcidas organizadas e os enfrentamentos contra o aparato policial; 
  • Diretoria: Crise política no poder interno do clube com o esgarçamento da chapa Renovação e Transparência que comandou o ciclo vitorioso do time depois da queda para Série B em 2007. Também o processo eleitoral em 2017 propicia os embates.  
  • Jogadores e Comissão Técnica. Desgaste do técnico Oswaldo de Oliveira que não conquistou legitimidade para comandar o time; Dificuldade de adaptação de vários jogares que foram contratados em 2016 por deficiência técnica ou disputas internas. 

          Se não conseguirmos pactuarmos um ambiente de convivência logo, o que não parece factível, o ano de 2017 será muito difícil para o sucesso do Timão. 
          

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

CHAPE E SOLIDARIEDADE EM 2016, MAS EM 1969...

Por Moisés Basílio

O triste acontecimento com o time da Chapecoense no dia 29 de novembro passado trouxe à memória um momento semelhante vivido pelos corinthianos em 1969. As mortes de Lidú e Eduardo num trágico acidente automobilístico. 
E desse triste episódio  é que vem o apelido jocoso dado à Sociedade Esportivo Palmeiras pelo então presidente alvinegro Wadih Helu diante do voto do presidente palmeirense Delfino Facchina contra a inclusão de dois jogadores nos lugares dos atletas corinthianos mortos. Veja os detalhes na matéria abaixo:



A ORIGEM DO APELIDO DA PORCADA
Todo Corinthiano chama um Palmeirense de porco, mas poucos são aqueles que sabem o porquê desse apelido, já que 17 anos depois de provocações a mascote acabou sendo adotada pela torcida. Tudo começou no dia 28 de abril de 1969.
Depois de um jogo pelo Paulistão contra o São Bento (SP), no estádio Humberto Reali, em Sorocaba (SP), o Timão voltou para a capital com um empate de 1x1 na bagagem. Naquela época os maiores destaques do time eram o lateral direito Lidú e o ponta esquerda Eduardo. Depois de um dia cansativo de viagem, os dois resolveram comer uma pizza nas proximidades do estádio da Portuguesa, o Canindé. Infelizmente, eles não chegaram ao restaurante: Lidú perdeu o controle do carro em plena Marginal Tietê, batendo contra uma das pilastras de sustentação da ponte da Vila Maria. Ambos morreram na hora.
Foi a partir deste episódio triste que o apelido surgiu. O Campeonato Paulista já estava no segundo turno e as inscrições para novos atletas havia se encerrado. Por este motivo a diretoria do Corinthians tentou uma autorização junto a Federação Paulista para inscrever dois novos jogadores, alegando que a tragédia prejudicou o clube na competição. Dirigentes dos clubes, inclusive do Timão e do Palmeiras, foram chamados pela FPF para uma reunião com objetivo de organizar uma votação. Para que a situação fosse aprovada, todos os votos deveriam ser unânimes.
O resultado foi infeliz. Somente Delfino Facchina, o presidente do Palmeiras na época, votou contra. Isso fez com o presidente do alvinegro Wadih Helu, se irritasse e chamasse os palmeirenses de “porco”, devido ao espírito de porco, já que ele não se sensibilizou com o ocorrido. Na partida seguinte entre os dois, o Coringão soltou um suíno no gramado do Morumbi, antes da partida começar. Enquanto o animal corria, a Fiel torcida começou a gritar “Porco, porco”.
Algum tempo depois, a turma do amendoim assumiu o apelido, e acabou se apegando a ele. Mas a história de sua origem é com certeza um dos episódios mais tristes do Corinthians e da "sujeira" da cartolagem brasileira.