domingo, 19 de maio de 2013

A FIEL E SEU TIME VIVERAM UMA NOITE DE GLÓRIAS

S.C. CORINTHIANS PAULISTA 1 X 1 CLUBE ATLÉTICO BOCA JUNIORS
 - QUARTA-FEIRA, 15/05/2013, 22H00, ESTÁDIO DO PACAEMBU, SÃO PAULO, COPA LIBERTADORES DA AMÉRICA 2013, OITAVAS DE FINAL.


POR MOISÉS BASÍLIO

Árbitro ladrão faz parte do jogo? Falta de sorte faz parte do jogo? Se essas coisas fazem parte do jogo, eliminação do Timão também faz parte do jogo, e ponto final. 

Pois foi isso que aconteceu na noite de quarta-feira no jogo de volta contra o Boca no Pacaembu, uma mistura de falta de sorte e uma atuação duvidosa do árbitro paraguaio Carlos Amarilla e seus ajudantes de linha. Mas também há que se reconhecer que o time do Boca não é tão "meia boca" assim, como muitos profetizaram antes dos dois confrontos. Ouvi e li de muita gente da crônica esportiva de que esse era o pior Boca de todos os tempos. Gente que fez seus comentários sem ver um único jogo do time argentino, e se baseando tão somente na péssima posição que a equipe ocupa no campeonato argentino. 

Mas o Boca é o Boca e tem uma camisa. Alguns times são assim, possuem uma tal mística que faz com que qualquer jogador cabeça de bagre ao vestir o seu manto sagrado se transforme em um craque. O Boca também tem um técnico hábil no jeito de armar uma equipe e experiente em jogos de mata-mata. Acho até que o elegante senhor Carlos Bianchi, que na Argentina é chamado de El Bruxo, tem pacto com o "Coisa-Ruim", e que por isso não perde para time brasileiro. Como Deus é brasileiro é uma forma dele provocá-lo, mas como o Criador tem mais o que fazer vai deixando o Bianchi ganhar. 

Esse segundo jogo começou muito tenso. O Boca não se intimidou em jogar na casa do adversário e tocava a bola com calma. O Timão é que aparentava certo nervosismo nos primeiros minutos do jogo. Da arquibancada verde fiquei numa posição privilegiada para ver o craque Riquelme fazer chover em campo. Mesmo sem condições físicas ideais o Roman deu uma aula de bola, com passes precisos, bom posicionamento tático e o chute certeiro que matou o goleiro Alvinegro.

Um lado masculino de uma família assistia ao jogo do meu lado esquerdo: - Um pai, um filho de seus quinze anos, outro com cerca de dez anos e um outro com cerca de sete anos. O pai fumava como um caipora e o filho maior torcia como um possesso, quase foi as vias de fato com um torcedor que gritara gol antes da hora. Como a bola não entrou, o possesso, achou que o outro havia gorado o gol.  Quase não consegui ver direito o gol do Riquelme, pois os dois, pai e filho, me perguntavam se no rádio havia cometários sobre a validade do gol anulado do Romarinho. Sem pensar direito, com os olhos vidrados no jogo disse o que eles queriam ouvir e ao mesmo tempo a bola encobria o grandalhão Cássio. 

O jogo ficou do jeito que o Boca queria. Na arquibancada já se ouvia que o time precisava fazer agora três gols para se classificar. E em campo a equipe comandada por Tite não se intimidou e foi buscar o resultado, mas o primeiro tempo terminou com El Bosteros em vantagem. 

Diferente do que narrava o saudoso e lírico locutor de rádio Fiori Giglioti, cujo bordão era: - Abrem-se as cortinas e começa o espetáculo. Na arquibancada, quando começa o segundo tempo, descem os bandeirões das torcidas organizadas e a gente fica os primeiros cinco minutos sem ver o espetáculo. Mas, logo que sobem os bandeirões pude ver com clareza o belo gol de cabeça do volante Paulinho. A galera explode em felicidade. 

Agora parece que a virada vai acontecer. O time está aceso e incendeia a torcida que canta e vibra como nunca. Quatro minutos mais tarde nova jogada perigosa dentro da pequena área e Paulinho consegue por a bola no fundo da rede dos "bosteros". O grito de gol sai do fundo da alma e quando vou armar o pulo, junto com a massa de torcedores, vejo que o tento foi anulado. 

E outro bordão do Fiori Giglioti vem de novo à mente: - "O tempo passa..." E o tempo foi passando numa velocidade alucinante e o time do Boca fechadinho não dava margem para o perigo. Ainda teve tempo para um boa jogada que por falta de sorte o Pato furou e não conseguiu estufar as redes do seguro e brilhante Orión.

E aos quarenta minutos do segundo tempo a voz do velho Fiori Giglioti, que lá da morada dos deuses do futebol continua a narrar os jogos do Corinthians diz: - "Aguenta coração!" Foi quando a Fiel começou a entoar o hino do Corinthians com os braços levantados e batendo palmas. Comoção instantânea em campo. O jogo ia terminando e o canto da Fiel animava o lotado Pacaembu. Acabou o jogo e o canto ficou ainda mais forte, ninguém arreda o pé do seu lugar e canta, canta, canta, canta... Cantando e vibrando a Fiel e seu Time se encontram e juntos se despedem da Libertadores 2013 e vivem uma noite de glórias. 

__________________________________

Ficha Técnica - Fonte: Sítio AcervoSCCP: http://www.acervosccp.com/201330.htm
CORINTHIANS – BOCA JUNIORS 1-1
COPA LIBERTADORES 2013 – OITAVAS DE FINAL 
DATA: quarta-feira, 15/05/2013
LOCAL: Estádio Paulo Machado de Carvalho, São Paulo, São Paulo – Brasil
PÚBLICO: 38.445 presentes (36.319 pagantes + 2.126 não pagantes)
RENDA BRUTA: R$ 2.709.112,50
RENDA LÍQUIDA: não disponível
DESPESAS: não disponíveis
ÁRBITRO: Carlos Amarilla (Paraguai).
ASSISTENTES: Rodney Aquino e Carlos Cáceres (ambos do Paraguai).
GOLS: 24’ Riquelme, 50’ Paulinho.
CARTÃO AMARELO: Alessandro, Emerson e Paulinho; Blandi, Orión e Marin.


CORINTHIANS: Cássio; Alessandro (45’ Edenílson), Gil, Paulo André, Fábio Santos; Ralf, Paulinho, Danilo (74’ Douglas); Romarinho (45’ Alexandre Pato), Emerson; Paolo Guerrero. Técnico: Tite.


BOCA JUNIORS: Orión; Marin, Caruzzo, Burdisso, Clemente Rodríguez; Erbes (79’ Bravo), Somoza, Erviti, Sánchez Miño; Riquelme (67’ Viatri) e Blandi (83’ Zárate). Técnico: Carlos Bianchi.

"Com este resultado, o Corinthians foi eliminado nas oitavas de final da Copa Libertadores pela quinta vez, repetindo as campanhas de 1991, 2003, 2006 e 2010. Não conseguiu devolver o revés de 1-0 sofrido na ida e foi eliminado pela quarta vez por um argentino. Os jogadores reclamaram da arbitragem do paraguaio Carlos Amarilla, que anulou um gol legítimo de Romarinho e ignorou um pênalti após Marin cortar um chute de Emerson com a mão. Logo depois Riquelme abriu o placar para o Boca Juniors. Na etapa final, aos 54 minutos, Paulinho teve outro gol anulado, aumentando a insatisfação com o árbitro. Ao final do jogo, os torcedores aplaudiram e reconheceram o esforço corintiano. Cantaram o hino do clube e demoraram a deixar o Pacaembu. Em oito jogos, o Timão teve quatro vitórias, dois empates, duas derrotas, 11 gols marcados e quatro sofridos. De um total de 38 participantes, foi o 11º colocado na competição." (Texto do Blog AcervoSCCP - http://www.acervosccp.com/201330.htm)

Nenhum comentário:

Postar um comentário