sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

FUTEBOL E CIDADANIA: QUEM DEU A ORDEM PARA A PM AGIR COMO CAPITÃO DO MATO?

SPORT CLUB CORINTHIANS PAULISTA 2 X 1 CAPIVARIANO FUTEBOL CLUBE, QUINTA-FEIRA, 11/02/16, 21h00, ARENA CORINTHIANS, CAMPEONATO PAULISTA 2016, TERCEIRA RODADA.

Por Moisés Basílio


     O calendário diz que fevereiro é verão em São Paulo, mas em Itaquera a chuva fina e o vento frio deixaram no ar um clima de meia estação. Em campo um time misto do Corinthians, poupando o que sobrou do time titular que não foi vendido para a maratona de jogos da próxima semana contra o São Paulo no domingo e a estreia da Libertadores, no deserto de Atacama, no Chile, contra o Cobresal na próxima quarta-feira. 

     O jogo começou e o Corinthians foi para cima do Capivariano e a surpresa do início desta temporada, o atacante Romero, completando um chute/cruzamento do lateral reserva Edílson abriu o placar logo aos dois minutos de jogo. Meu amigo de São José dos Campos, Umberto, que acompanhava a partida ao meu lado, na arquibancada do setor sul, vibrando na comemoração vaticinou: Jogo baba! Respondi a ele: Devagar com o andor, que o santo é de barro em início de temporada. 

     E poderia ter sido baba mesmo se o ataque corinthiano estivesse em forma e inspirado, principalmente o Marlone que desandou a perder gols e jogadas, do início do jogo até ser substituido. O voluntarioso Romero correu muito, mas sem efetividade não passou da jogada do gol. O Danilo jogou bem como pivô e depois como meia, mas não havia ninguém que acompanhasse e completasse as suas jogadas. Foi de fundamental importância na fase final da partida dando tranquilidade com sua experiência e mantendo a bola em poder do Timão. 

     Então o Capivariano começou a gostar do jogo e ganhou coletivamente a disputa no meio campo, contando com o desentrosamento do meio campo Alvinegro que atuava junto pela primeira vez. Tanto que depois da pressão inicial que tomou do Corinthians, o Capivariano conseguiu se recompor e empatar o jogo ainda no primeiro tempo. 

     A dupla de volantes, Maycon e Willians não comprometeram. Destaque para o Willians que jogou com desenvoltura, tanto na marcação como na armação de jogadas com passes precisos e na minha opinião o melhor jogador em campo. Já o Maycon, a jovem promessa do time vice campeão da Copinha São Paulo 2016, jogou o arroz com feijão, que para um jogar que vem das categorias de base é uma grande mérito. 

     No segundo tempo a sorte bafejou para o Timão. Novamente no início do jogo, em sua etapa derradeira, num bate rebate na área do time do interior, a bola sobrou açucarada para o meia Guilherme, que com primorosa categoria, de bate-pronto chutou para o gol e contou com a sorte da bola desviar no zagueiro, enganar o goleiro, bater na trave e morrer no fundo da rede do Capivariano.

     Mas, o jogo não foi fácil para o Corinthians. Nos erros do time do Parque São Jorge o Capivariano cresceu no jogo e por pouco não conquistou o empate e os dois a um ao final ficou de bom tamanho.

     Futebol em campo à parte, na arquibancada norte, a torcida organizada Gaviões da Fiel que está suspensa de entrar em campo com suas indumentárias, protagonizou mais um conflito democrático. Durante o primeiro tempo e no intervalo levantaram três faixas de protestos com os seguintes dizeres: 


“Jogo às 22h também merece punição”;

“Rede Globo, o Corinthians não é seu quintal”;


“Cadê as contas do estádio?”


     Durante o intervalo do jogo a Polícia Militar do Estado de São Paulo (PM) se dirigiu à torcida organizada de maneira violenta tentando tomar as faixas dos torcedores que se negaram a entregar. Então houve um corre corre, com a PM sendo vaiada por grande parte dos presentes na Arena. 

     A torcida organizada Gaviões da Fiel em nota oficial esclareceu que procurou cumprir o que determina o a legislação do Estatuto do Torcedor: 

"Segundo o Art. 13-A, inciso IV, do Estatuto de Defesa do Torcedor, é proibido “portar ou ostentar cartazes, bandeiras, símbolos ou outros sinais com mensagens ofensivas, inclusive de caráter racista ou xenófobo”.
E sabendo disso, tratamos de criar faixas com muito cuidado para não ferir tal artigo. As três faixas que foram expostas nas arquibancadas... Nenhuma com mensagens ofensivas, muito menos de caráter racista ou xenófobo. Aliás, muito pelo contrário. Todas as faixas amparadas no que assegura a própria Constituição, no Artigo 5, dizendo que 'é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença'."


     Qual o crime praticado pela torcida Gaviões da Fiel ao expressar sua opinião para que a PM agisse de forma tão violenta, desrespeitando o direito de expressão dos torcedores? 

     Um amigo que estava ao meu lado na Arena foi feliz ao dizer: Agem como capitães do mato. Fico matutando: A serviço de quem? Quem dá as ordem para tal tipo conduta da tropa? 
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FICHA TÉCNICA - Fonte: Internet, Gazeta Esportiva, http://www.gazetaesportiva.com/corinthians/corinthians-se-segura-com-um-a-menos-e-triunfa-sobre-capivariano/ 
CORINTHIANS 2 X 1 CAPIVARIANO
Local: estádio de Itaquera, em São Paulo (SP)
Data: 11 de fevereiro de 2015, quinta-feira
Horário: 21h (de Brasília)
Árbitro: Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza
Assistentes: Emerson Augusto de Carvalho e Anderson José de Moraes Coelho
Público: 23.143 pagantes
Renda: R$ 1.113.209,00
Cartões amarelos: Fagner (Corinthians); Everton Dias (Capivariano)
Cartão vermelho: Edílson (Corinthians)
Gols:
Corinthians: Romero, aos dois minutos do primeiro tempo, e Guilherme, a um minuto do segundo tempo
Capivariano: Marlon, aos 29 minutos do primeiro tempo
CORINTHIANS: Cássio; Edílson, Felipe, Vilson e Uendel; Willians, Romero (Giovanni Augusto), Maycon, Guilherme (Fagner) e Marlone (Lucca); Danilo
Técnico: Tite
CAPIVARIANO: Pedro Henrique; Maguinho, Wagner, Leandro Silva e Marlon; Everton Dias, Jácio (Chico), Samuel e Kleiton Domingues (Romão); Rogerinho e Rodolfo (Carlão)
Técnico: Evaristo Piza

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