domingo, 18 de junho de 2017

QUANDO A VIOLÊNCIA ENCOBRE UMA PARTIDA DE FUTEBOL

Coritiba Foot Ball Club 0 x 0 Sport Club Corinthians Paulista, Domingo, 18/06/2017, 11h00, Estádio Couto Pereira, Curitiba, PR, Brasileirão, 8º Rodada. 

Por Moisés Basílio 

          Os dois times do jogo de hoje, Coritiba (3º colocado com 15 pontos) e Corinthians (1º colocado com 19 pontos) fazem um boa campanha no Brasileirão e a partida se pronunciou como um bom embate pelas primeiras posições na tabela. Embora é bom lembrar que ainda seja cedo para fazer prognósticos, visto que no ano passado o Internacional nessa altura do campeonato, 8º rodada, era o líder com 19 pontos e sabermos o triste fim ao final da competição.

          Mas, logo pela manhã as expectativas referentes ao jogo mudaram diante das notícias de violência nas cercanias do estádio Couto Pereira publicadas nas mídias sociais com o requinte cruel da pancadaria, filmada na crueza e banalização  dos atos das agressões sangrentas. As cenas que mais chocaram foram as de um corinthiano caído no chão recebendo chutes de todas as formas dos torcedores coxa-brancas até ficar prostrado e encoberto de sangue. O delegado de plantão da delegacia móvel do estádio chegou a comunicar a morte do torcedor, porém logo em seguida desmentida. 

       A confusão prejudicou o transito e a delegação do Corinthians chegou atrasada para o jogo. Tanto que a cerimonia protocolar de apresentação do hino foi realizada somente com os jogadores do Coritiba e a equipe de arbitragem. O Timão teve que finalizar os preparativos de aquecimento e só entrou depois, com atraso. 

     Como a violência já é algo banalizado em nossa sociedade o jogo foi iniciado como se nada houvesse acontecido. O que será que estava se passando nas cabeças dos jogadores em campo, dos torcedores que acompanhavam o jogo no estadio e nas transmissões de televisão e rádio? O certo é que o espetáculo é um negócio e o show tem que continuar. E assim o jogo foi jogado e terminou com um empate sem abertura de marcador, sendo que um gol legítimo do Jô foi anulado por erro da equipe de arbitragem. 

          A violência no futebol atualmente, tanto no Brasil como nos grandes centros do futebol mundial, faz parte de uma cultura de guerra vinculada ao esporte. Essa cultura de guerra parte do pressuposto que o outro é um inimigo que precisa ser aniquilado fisicamente para o pleno gozo da vitória. Essa cultura de guerra permeia toda nossa sociedade contemporânea e está presente também em outras situações do cotidiano social: Política, economia, racismo, homofobia, nacionalismo, religiões, etnias etc. 

          Portanto, a resolução da violência no futebol não se resolverá plenamente somente com medida no âmbito do esporte, embora elas devam existir, mas num movimento maior de construção de uma cultura de paz e dos valores da democracia que permeie a humanidade como um todo e que tenha foco principalmente nas novas gerações. 

          Depois de algumas horas do termino do jogo o rapaz que apareceu sofrendo as graves agressões felizmente já estava recuperado e tirou foto sorrindo. Um de seus agressores foi identificado e preso quando assistia ao jogo no interior do estádio. As duas diretorias dos clubes emitiram notas públicas contra a violência e cobrando punição aos agressores identificados. A Policia Militar do estado do Paraná também emitiu uma nota onde informa que o confronto aconteceu porque três ônibus de torcida organizada do Corinthians não acataram a orientação da polícia e seguiram sem escolta até o estádio, fato de deu margem ao ataque da torcida do Coritiba.

          Em fim, tudo não passou de um mal entendido. E até a próxima batalha dessa guerra. 


FICHA TÉCNICA

Campeonato:Brasileirão 2017
Local: Estádio Couto Pereira, em Curitiba (PR)
Data: 18 de junho de 2017, domingo
Horário: 11 horas (de Brasília)
Árbitro: Marcelo de Lima Henrique (RJ)
Assistentes: Dibert Pedrosa Moisés (RJ) e Michael Correia (RJ)
Cartões amarelos: Gabriel (Corinthians); Dodô (Coritiba); Marcio (Coritiba); Romero (Corinthians); Fagner (Corinthians)
CORITIBA: Wilson; Dodô, Márcio, Werley e William Matheus; Alan Santos (Neto Berola), Matheus Galdezani e Tiago Real; Rildo (Iago), Henrique Almeida (Tiago Real) e Alecsandro.
Técnico: Pachequinho
CORINTHIANS: Cássio, Fagner, Balbuena, Pablo e Guilherme Arana; Gabriel (Camacho) e Maycon; Marquinhos Gabriel (Clayson), Rodriguinho e Ángel Romero (Pedrinho); Jô.
Técnico: Fábio Carille

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