domingo, 8 de abril de 2018

DÉRBI 358 - 29º CAMPEÃO PAULISTA: CORINTHIANS OSSO DURO DE ROER, 100 ANOS DEPOIS

Sociedade Esportiva Palmeira 0 x 1 Sport Club Corinthians Paulista. Nos pênalti Corinthians 4 x 3 Palmeiras. Domingo, 08/04/2018. 

Por Moisés Basílio

   Há cem anos, em 1918, o Brasil e o Mundo viviam um clima nada agradável, na política, na economia na sociedade e na saúde, como hoje. 

   Há cem anos, em 1918, a abolição da escravidão havia acontecido no Brasil há trinta anos antes. O jornal O Estado de São Paulo, no dia 13/05/1918, em sua página 3, publicou o depoimento histórico do Sr. Antonio Manuel Bueno de Andrade, intitulado "Treze de Maio - Abolição em São Paulo - Depoimento de uma Testemunha. Vale a pena ler.    O mesmo jornal, em sua página 6, anunciava o confronto entre Corinthians x Palestra Itália. 

   Naquele ano a gripe espanhola dizimava multidões, sem preconceito de raça, cor ou riqueza, tanto que o presidente da república eleito, Rodrigues Alves, em março, depois contraiu a "mardita" em outubro e não tomou posse em 15 de novembro e acabou falecendo em janeiro de 1919. 

   A classe trabalhadora brasileira que fizera sua grande greve geral em 1917, ainda se refazia dos impactos das lutas operárias em meio à crise econômica ocasionada pela Primeira Guerra Mundial, com vitórias e derrotas, e principalmente a deportação do país de vários lideres grevistas estrangeiros que atuavam inspirados nas ideias do anarquismo.  

    Globalmente o mundo ainda sofria com o impacto da Primeira Grande Guerra Mundial, que teria o seu desfecho oficial em 11 de novembro de 1918 com o chamado Armistício de Comppiègne, tratado assinado pelos Aliados e a Alemanha, num vagão-restaurante estacionado na floresta de Compiègne, França. Seguiu-se a esse acordo o tratado de paz de Versalhes, em 1919, e impôs a derrotada Alemanha humilhantes medidas como: Reduzir a suas forças militares pela metade; Pagar pesadas indenizações aos vencedores; Ceder todas suas colônias; e Restituir seu território da Alsácia-Lorena para a França.  Tratado que já prenunciava a Segunda Grande Guerra Mundial. 

   O próprio Campeonato Paulista que começou em março e foi interrompido, nos meses de outubro e novembro, devido a gravidade da epidemia da gripe espanhola. Seu final aconteceu em janeiro de 1919, mas em dezembro de 1918 a disputa foi praticamente selada por uma derrota de 1 a 0 do Corinthians para o Paulistano (melhor adversário do Corinthians da época) no dia 22 de dezembro e que por isso se tornou o campeão. 

   Em 1918, Corinthians e Palestra Itália jogaram três vezes. Dois amistosos em março e um jogo que terminou empatado pelo primeiro turno do Campeonato Paulista, no feriado de 13 de maio, uma segunda-feira, à tarde, no primeiro campo do Corinthians chamado Ponte Grande, que começou a ser construído em 1916 e foi inaugurado em 1918. 

   E foi no jogo do Campeonato Paulista que aconteceu um episódio singular, que foi relatado pelo jornalista Celso Unzelte no livro Almanaque do Timão. 

   "O Corinthians é canja para o Palestra." A mensagem escrita em um osso, foi atirada contra a vidraça da pensão em que os jogadores do Corinthians almoçavam. Em campo, foi 3x3. E os corinthianos guardaram o osso, hoje na sala de troféus, com a inscrição: "Este osso era para a canja. Mas não cozinhou por ser duro demais."

   Cem anos depois, Corinthians x Palestras fazem a final do Campeonato Paulista com o mesmo espírito de rivalidade do passado. Os palestrinos no alto de sua arrogância já se consideravam vencedores por terem ganho o primeiro jogo na Arena Corinthians, possuírem um elenco de profissionais valorizados no mercado e jogarem em sua casa. Assim como seus ancestrais, simbolicamente, consideram o Corinthians como canja de galinha e jogaram ossos para os torcedores do Timão. 

   Mas, o lambari é pescado e o jogo é jogado. Assim, depois de noventa minutos jogados e das cobranças de pênalti, mais uma vez a vitória vem de braços e sorrisos abertos para o Timão. Bicampeão, 2017/2018, e pela vigésima nona vez campeão paulista.

   Em campo o nosso técnico Carille deu o famoso nó tático no técnico adversário. Com as ajudas do nosso goleirão Cássio defensor de dois pênalti e do alto desempenho tático e técnico de todos jogadores conthianos. 

   Claro, que eu também ajudei. Quando ao meio dia acendi minha vela para São Jorge Guerreiro. E quando começou o jogo acendendo mais uma para São Judas. 

   Com esse sistema tático/espiritual fechamos quaisquer possibilidade de vitória palestrina. 

   E logo no início do jogo, uma jogada magistral do Matheus Vital pela esquerda encontra na entrada da área o Rodriguinho, principal estrela da companhia, que chuta sem apelação para abrir o placar. 

   A vitória não foi conquistada somente no domingo. A força da Fiel Torcida que lotou o treino na sexta-feira à noite, com 37 mil corinthianos, foi de fundamental importância e demarcou um novo paradigma do ato de torcer, mesmo sofrendo boicotes do adversário.

   Finalmente o jogo foi jogado e o lambari foi pescado. Na Arena Palmeiras lotada o que houve foi o silêncio sepulcral.

  E numa pequena sala, em Curitiba, quando Maycon com precisão fuzilou a meta Alviverde, houve:

   Um grito de gol! 

   Um grito de liberdade!  

   Um grito de justiça! 

   Um grito de esperança! 

   Vai Corinthians!

   Vai Brasil!
________________________________________________


FICHA TÉCNICA


Campeonato: Paulista 2018
Estádio: Allianz Parque, em São Paulo (SP)
Data: 8 de abril de 2018, domingo
Horário: 16 horas (horário de Brasília)
Árbitro: Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza
Assistentes: Anderson Jose de Moraes Coelho e Daniel Paulo Ziolli
Cartões amarelos: Cássio, Romero e Ralf (Corinthians); Dudu e Moisés (Palmeiras)
Gol: Rodriguinho
PÊNALTIS
CORINTHIANS: Danilo, Romero, Lucca, Maycon (acertos); Fagner (erro)
PALMEIRAS: Victor Luis, Marcos Rocha, Moisés (acertos); Dudu, Lucas Lima (erros)
PALMEIRAS: Jailson; Marcos Rocha, Antônio Carlos, Thiago Martins e Victor Luis; Bruno Henrique (Thiago Santos), Moisés e Lucas Lima; Dudu, Borja (Deyverson) e Willian (Keno).
Técnico: Roger Machado
CORINTHIANS: Cássio, Fagner, Balbuena, Henrique e Sidcley; Ralf e Maycon; Romero, Jadson (Emerson Sheik), Rodriguinho (Danilo) e Mateus Vital (Lucca)
Técnico: Fábio Carille

Nenhum comentário:

Postar um comentário